Vertigo: Além do Limiar


Gordo



Nome: Perfecto Salazar Lopez
Nome original: Gordo
Licenciador: United Feature Syndicate
País de origem: Estados Unidos da América
Criado por: Gus Arriola

Lista de revistas com participação de Gordo

HQ americana sobre um carismático mexicano que dava nome ao título. Era, pelo menos no início, o típico mexicano esteriotipado: um plantador de feijão que falava inglês engraçado e fazia siesta o dia todo. O autor, Gus Arriola, de pais mexicanos, nunca tinha visitado aquele país. Ainda assim, “Gordo” ganhou vários elogios das autoridades mexicanas. Charles Schulz descreveu “Gordo” como “provavelmente a tira mais belamente desenhada do comics business”. Arriola se justificou depois explicando que Gordo era esteriotipado porque era assim que as coisas eram feitas na época. À medida que seus personagens se desenvolveram, tornaram-se menos simplistas, com Gordo até usando roupas americanas.

Arriola começou carreira no estúdio de Charles Mintz, onde, a partir de 1936, foi continuista em “Barney Google”, “Scrappy” e “Krazy Kat”. Um ano depois se mudou para MGM, onde trabalhou em um personagem chamado “Lonesome Stranger”. Arriola pegou um dos bandidos mexicanos daquele cartoon, o “limpou” e o chamou Perfecto Salazar “Gordo” Lopez. Gus o ofereceu a diversos distribuidores, até fechar contrato com o United Feature (cujas principais HQs eram “Ferdinando” e “Nancy”). Arriola costumava contar que o United achou que “Gordo” era um matuto como “Ferdinando”, só que mexicano. O próprio Al Capp, autor de “Ferdinando”, interpelou friamente Arriola, a respeito do novo personagem, achando que era um rival. Gus achou aquilo tudo muito engraçado, primeiro porque era fã de Capp e segundo porque em nenhum momento pensou em fazer “Gordo” como um montanhês matuto como “Ferdinando”.

“Gordo”fez sua estréia nas tiras diárias em 24 de novembro de 1941. Semanas depois, o Japão atacou Pearl Harbor, forçando os EUA a entrar na Guerra. A tira foi interrompida por cerca de um ano, enquanto Arriola servia no exército. Seus deveres (trabalhando em filmes de treinamento) o deixaram com noites e fins de semana livres. Assim, começou uma versão dominical colorida de “Gordo”, em 1943. As diárias retornariam em 1946.

Outras figuras da HQ eram Pepito (o jovem sobrinho), Paris, a melhor amiga, Artemisa Rosalinda Gonzalez (uma viúva de meia-idade cujo objetivo na vida era casar-se com Gordo, para desespero dele), Senor Dog (um pet chihuahua) e diversos bichos (também pets). Assim como os bebês de “Tutuca e Teleco-Teco”, os bichos podiam falar uns com os outros, mas não com os humanos.

No decorrer da tira, os personagens foram tratados como respeitáveis, bobos, capazes, falíveis e engraçados — enfim, seres humanos. E através deles, os americanos conheceram o cotidiano de gente comum do México. “Gordo” popularizou palavras como “tortillas”, “tamales” e “Hasta la vista”. Mais tarde, Gordo se envolveu com Mary Frances Sevier (nome homenageando a mulher de Arriola), jovem multimilionária. Mas um personagem ainda mais importante, que se juntou ao elenco depois, era a governanta de Gordo, a mexicana Tehuana Mama, uma formidável senhora que, embora não fosse romanticamente envolvida com ele, era claramente a mulher na vida de Gordo. Em 1947 Gordo adquiriu um velho ônibus chamado Cometa Halley, que teve personalidade própria. Alguns até mesmo o comparam ao Toonerville Trolley, outro veículo clássico clássico das HQs. A aquisição do ônibus veio em boa hora, porque em 1954 Gordo foi despejado por seu senhorio, que não queria mais feijão em sua terra. Em 1958 o ex-agricultor usava o Cometa como ônibus de turismo e ganhava a vida mostrando o México para os americanos (o que, de certo modo, ele fazia desde o início). Isso exigia que Gordo — e Arriola — aprendesse mais do que imaginava da História de seu país e dos diferentes povos do México. Foi então que o Gordo realmente decolou como uma vitrine para a rica herança cultural mexicana.

Gordo tinha boa circulação, publicado em aproximadamente 250/300 jornais. Mas só apareceu em duas reimpressões: uma em 1950 e outra em 1989, esta com dominicais coloridas, e nunca (apesar de tentativas) virou filme. Também nunca teve seu próprio gibi, mas foi reimpresso em “Tip Top Comics” (gibi que reunia outras atrações da United, como “Zé Mulambo”, “Peanuts” e “Ferd'nand”).

Nos primeiros anos, Gus contratou um assistente, Lee Hooper. Mas a partir do final dos anos 40, passou a fazer toda HQ sozinho. A exceção foi um único mês em meados dos anos 50, quando o médico ordenou repouso, e seus amigos (incluindo Eldon Dedini, cartunista da “Esquire” e “Playboy”, e Hank Ketcham, autor de “Dennis, o Pimentinha”) o substituiram. Mas a performance solo de Gus continuou por décadas, uma conquista notável, terminando apenas com a aposentadoria. À medida que “Gordo” se aproximava do fim (em 2 de março de 1985), teve dos momentos marcantes. O governo da Califórnia votou uma resolução elogiando a excelência profissional da Arriola e seus muitos anos de promoção da amizade entre os dois países. E na tira, Gordo, num esforço final para escapar da viúva Gonzalez, finalmente casou com Mama.

Gordo



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  • Antônio Luiz Ribeiro
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    Antônio Luiz Ribeiro
    em 23/01/2012 17:06:00
    Editado por Antônio Luiz Ribeiro