Vertigo: Além do Limiar


Jayme Cortez



País de nascimento: Portugal
8 de setembro de 1926
4 de julho de 1987

Lista de revistas com trabalhos de Jayme Cortez


Nascido em Lisboa, no bairro Alto, Jayme Martins Cortez é considerado um dos maiores desenhistas de quadrinhos do Brasil.

Tem seu primeiro desenho publicado ainda em sua infância, pelo “Pim pam pum!”, suplemento do jornal lisboeta “O Século”, em 1937. Nos anos 40, tem sua primeira HQ (“Uma espantosa história”) publicada no semanário “O Mosquito”.

Chega ao Brasil em 1947 e, no mesmo ano, faz charges políticas para o jornal “O Dia”. Ainda naquele ano, conhece Miguel Penteado no Foto Labor, na região central de São Paulo. De acordo com o historiador Gonçalo Junior, Penteado ficou tão animado com Cortez “que ele [Penteado] se empolgou com a possibilidade de se tornar um desenhista profissional de gibis”. Ainda em 1947, Cortez escreve a história “Caça ao tubarão”, para o “Diário da Noite” e, graças ao sucesso dessa empreitada, é convidado para adaptar, em tiras diárias, “O Guarani”, de José de Alencar. Cortez estreou na “Gazeta Juvenil” (novo nome da “Gazetinha”, substituindo o “infantil”) no número 34, de 4 de novembro de 1948, fazendo pequenas vinhetas e anúncios. Até que, no número 40, sairam suas duas primeiras HQs: “Pelas terras do São Francisco” e “O rajá do Pendjab”, que já vinha sendo anunciado desde o número 38.

Organizou em 1951, junto de Álvaro de Moya, Penteado, entre outros, a primeira exposição de História em Quadrinhos do Brasil. Ainda naquele ano de 1951, passou a trabalhar, como freelancer, para a editora La Selva, até ser promovido a editor da casa. Porém, no final da década, Cortez deixou a editoria da empresa para fundar, junto com Penteado e outros, a editora Continental/Outubro. Ele se queixou bastante acerca dos La Selva. Não tinha problemas com eles, até gostava deles, mas pelo volume de trabalho que realizava se achava bastante mal pago, e era mesmo. A editora crescera a ponto de se tornar uma das maiores do Brasil e muito desse sucesso era consequência direta de seu trabalho. Mas os rapazes da família La Selva trocavam de carro o tempo todo e ele continuava a ir trabalhar de ônibus. Apesar de acabar saindo, as portas da La Selva não se fecharam para Jayme Cortez, que continuou fazendo capas para Varinha Mágica e Contos de Fadas, só que como freelancer, até meados dos anos 60 (1965 ou 1966), quando a editora já estava em total decadência e só publicava reprises.

Aliás, nessa altura, Cortez não era mais português, uma vez que já tinha se naturalizado em 22 de fevereiro de 1957. E começava a fazer cartaz de cinema. O primeiro cartaz criado por Cortez foi feito em 1958, para o oitavo filme do comediante Mazzaropi: Chofer de Praça. A relação de Cortez com Mazzaropi sempre foi muito boa, mas infelizmente ela acabou em 1970, quando a empresa do comediante passou a usar fotografias para fazer os cartazes, por economia.

Menos de seis meses depois da saída de Penteado da Outubro, já em 1964, Cortez resolveu deixar a sociedade e chegou a começar uma conversa com os La Selva, mas nessa ocasião a editora já começava a dar graves sinais de decadência, muito por causa das brigas entre os três filhos de Vito La Selva que tocavam a editora. Nessa época, Cortez começou a trabalhar para a TV Excelsior, fazendo a abertura de duas novelas, A deusa vencida (1965) e As minas de prata (1967).

Em 1966 Cortez e Mauricio de Sousa se juntaram em uma única aventura: o Festival de Lucca. Foi a primeira viagem internacional de Maurício e a primeira vez que Cortez voltava à Europa. De abril a maio de 1972 aconteceu o “Primeiro Congresso Americano Internacional de Histórias em Quadrinhos” em Nova York com delegados de diversos países. Novamente, Cortez e Mauricio compareceram.

Após uma rápida passagem pela editora Saber, Cortez deixou a McCann-Erickson em 1976, depois de 12 anos. Tão logo saiu, Cortez foi contratado por Mauricio de Sousa, que vivia um momento de grande expansão em seus negócios. Cortez foi contratado como Diretor de Animação e Merchandising do estúdio e por sua experiência como RTV de agência ficou encarregado de um dos projetos mais importantes daquele ano, um desenho animado maior do que os 30 segundos de um comercial, que seria exibido por uma grande emissora de TV. O desenho foi animado por Daniel Messias (e vários assistentes). Acabou deixando a Mauricio de Souza Produções em 1982, após algumas divergências com Mauricio. Mas o criador da Turma da Mônica nunca deixou de gostar dele, como deixou claro mais de uma vez.

Faleceu em São Paulo, em 1987, aos 60 anos.



Fontes:

AUGUSTO, Wagner. “A cronologia biográfica do mestre”. In “A arte de Jayme Cortez”. São Paulo: Press Editorial, 1986
RODRIGUES, Toni. MeMo.
www.bigorna.net/index.php?secao=guerradosgibis&id=1300658169



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