Vertigo: Além do Limiar


X-Man (Colonnese)



Nome original: X-Man
Licenciador: Estúdio D-Arte Ltda
Criado por: Eugenio Colonnese

Lista de revistas com participação de X-Man (Colonnese)

(acima, o personagem desenhado por Eugenio Colonnese)

Eugenio Colonnese já desenhou praticamente de tudo nos quadrinhos. Embora o gênero que confessadamente ele mais prefira seja o terror, ele nos presenteou com duas HQs inesquecíveis de super-heróis: "Mylar" (ver) e "X-Man", criado originalmente para o merdado inglês.
"X-Man" era um personagem mascarado, de capa e com um “X” no peitoral, roteirizado por Rodolfo Zalla. Não se sabe de onde veio o nome do herói. Não pode ter sido tirado dos "X-Men" americanos, já que Colonnese criou seu personagem antes dos americanos - mas, na ocasião, o "X-Man" não fora aprovado pela editora britânica Fleetway. Por outro lado, pode ter se baseado num antigo "pulp" policial chamado “X-Man”, publicado na revista Star Detective da Red Circle (editora do mesmo criador da Marvel, Martin Goodman) (1). Ou ainda da gíria policial X-9, informante da polícia.

Com a recusa da Fleetway, o herói foi aproveitado, no Brasil, por Álvaro de Moya, no último número do seu “Suplemento em quadrinhos”, o 3, em 1967 (e não no ano seguinte, como afirmam alguns pesquisadores). Essa publicação foi uma tentativa frustradada, infelizmente, de reeditar o sucesso do legendário “Suplemento juvenil” de Adolfo Aizen. O “Suplemento em quadrinhos” era editado por Paulo C. Marti e dirigido por Álvaro de Moya. Para o leitor recente, acostumado com os gibis atuais, fica difícil imaginar a beleza do “Suplemento”. Era todo impresso em "off-set", formato tablóide, papel de primeiríssima e lindas cores. Uma beleza.

Voltando ao nosso herói. Apesar de ser publicado no “Suplemento”, X-Man era produzido pelo estúdio D’Arte, que detinha o copyright do personagem. Em sua primeira e única aventura, o herói se vê envolvido numa trama típica da época: não faltavam o professor com cara de babaca, que sabia demais, uma quadrilha tipo a SPECTRE dos filmes de James Bond e a loura boazuda, que tem uma quedinha pelo herói bonitão. Como já deu pra reparar, o X-Man era o típico mocinho exemplar, sem grandes preocupações psicológicas. Como diria o desenhista Márcio Costa, a vantagem desse tipo de história “certinha” é que os heróis eram realmente heróis. Não eram essas figuras angustiadas dos heróis modernos das HQs de hoje. Eles só estavam preocupados em fazer a coisa certa. Eles iam lá e "pumba!". Já os heróis atuais são muito enrolados, então a gente acaba se voltando para o Capitão Marvel, Hopalong Cassidy e o Roy Rogers. Eles sabiam o que queriam, é ou não é?

E, além do mais, o X-Man tinha o traço soberbo de Colonnese, um dos melhores desenhistas brasileiros de todos os tempos. Seu traço bonito, limpo e realista era, e sempre será, um colírio pros olhos. Pena que sua criação não teve vida longa. Após seu cancelamento, ela nunca mais retornou. Nem mesmo quando a D’Arte voltou, com força total, nos anos 80, se lembraram dele. Ao que parece, a D’Arte preferiu dar prioridade às HQs de terror estilo anos 50, gênero jurássico que o estúdio achava o máximo.
Ironicamente, cerca de 30 anos depois, a Marvel lançou um super-herói chamado X-Man.

- Antônio Luiz Ribeiro

(de um texto publicado originalmente nos anos 90, no fanzine paraibano "Zona Total" e reprisado no "Heróis Brazucas")
(1)http://issuu.com/twomorrows/docs/alterego120preview/4
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X-Man (Colonnese)



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    Antônio Luiz Ribeiro
    em 27/09/2008 19:11:00