Vertigo: Além do Limiar


Carlos Lacerda



Licenciador: Personagem Real


Lista de revistas com participação de Carlos Lacerda

Carlos Frederico Werneck de Lacerda [1914-1977] nasceu em Vassouras, cidade localizada no sul do estado do Rio de Janeiro, onde seu avô residia e seu pai tinha grandes interesses políticos. Recebeu o nome de Carlos Frederico como homenagem aos pensadores políticos Karl Marx e Friedrich Engels. Era filho do político, tribuno e escritor Maurício de Lacerda [1888–1959] e de Olga Caminhoá Werneck [1892–1979] e neto paterno de Sebastião Lacerda, ministro do Supremo Tribunal Federal e ministro dos Transportes no governo de Prudente de Morais. Ingressou em 1929 no curso de Ciências Jurídicas e Sociais da então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Durante seu período acadêmico, destacou-se como exímio orador e participou ativamente do movimento estudantil de esquerda no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira.

Devido ao grande envolvimento em atividades políticas, abandonou o curso em 1932. Tornou-se um militante comunista assim como seu pai e tios – Paulo Lacerda e Fernando Paiva de Lacerda –, antigos militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Sua primeira ação contra o governo de Getúlio Vargas implantado com a Revolução de 1930, deu-se em janeiro de 1931, quando planejou incentivar marchas de desempregados no Rio de Janeiro e em Santos, durante as quais ocorreram ataques ao comércio. A conspiração comunista foi descoberta e desbaratada pela polícia. Em março de 1934, ficou responsável pela leitura do manifesto de lançamento oficial da Aliança Nacional Libertadora (ANL), entidade ligada ao Partido Comunista do Brasil, em uma solenidade no Rio de Janeiro à qual compareceram milhares de pessoas.

Quando ocorreu o fracasso da Intentona Comunista de 1935, teve de se esconder na velha chácara da família, em Comércio – atual localidade de Sebastião de Lacerda, no município fluminense de Vassouras – e ser protegido pela família influente. Rompeu com o movimento comunista em 1939, por considerar que tal doutrina "levaria a uma ditadura pior do que as outras, porque é muito mais organizada, e, portanto, muito mais difícil de derrubar”. A partir de então, consagrou-se como um dos maiores porta-vozes das ideologias conservadora e direitista no país, grande adversário de Getúlio Vargas e dos movimentos políticos trabalhista e comunista. Lacerda participou ainda de nova tentativa de golpe de estado em 1955, quando se uniu aos militares e à direita udenista a fim de impedir a posse de Juscelino Kubitschek e de seu vice, João Goulart.

Após a eleição de Juscelino, Carlos Luz, presidente interino à época, aliado aos militares e a Carlos Lacerda, tramaram uma nova intervenção. A bordo do Cruzador Tamandaré, fizeram a resistência. No entanto, o navio foi atingido pela artilharia do exército a mando do General Teixeira Lott, o qual tinha pretensões de se candidatar à presidência. Vencido após sua tentativa de golpe, Lacerda partiu para o exílio em Cuba, ainda sob o regime do caudilho Fulgencio Batista. Voltou em seguida para reassumir sua cadeira de deputado e continuar a oposição a Kubitschek. Entre outras coisas, atacou a construção de Brasília e, com a transferência da capital para Brasília, candidatou-se ao governo do recém-criado estado da Guanabara. Apesar do grande favoritismo inicial, Lacerda foi eleito por pequena margem, ajudado pela divisão de votos populares com a candidatura de Tenório Cavalcanti ao mesmo cargo.

Em 24 de agosto de 1961, fez um discurso em cadeia nacional de rádio e de televisão no qual atacou o presidente Jânio Quadros, seu ex-aliado. A renúncia de Jânio ocorreu no dia seguinte. Durante seu governo, foi divulgado que policiais assassinavam mendigos que perambulavam pela cidade e jogavam seus corpos no rio da Guarda, afluente do rio Guandu. Participou das articulações conspiratórias que precederam o golpe militar de 1964, mas, por ser alvo muito óbvio, não estava nas etapas finais. Sabia com antecedência da deflagração do movimento prevista para o início de abril e, após a partida de Olímpio Mourão Filho em Minas Gerais, entrincheirou-se com a Polícia Militar e voluntários no Palácio Guanabara, sede do governo, em antecipação a um ataque dos fuzileiros navais do almirante Cândido Aragão. Ele nunca veio: Aragão queria atacar, mas não tinha autorização do Presidente.

Voltou-se contra o novo regime em 1966, com a prorrogação do mandato do presidente Castelo Branco. Em novembro de 1966 lançou a Frente Ampla, movimento de resistência ao Regime militar de 1964, a qual seria liderada por ele e por seus antigos opositores João Goulart e Juscelino Kubitschek. Foi cassado em dezembro de 1968 pelo regime militar e levado preso a um Regimento de Cavalaria da Polícia Militar. Em seguida, voltou a trabalhar por pouco tempo como jornalista, antes de dedicar-se às atividades na editora de sua propriedade, Nova Fronteira, fundada em 1965. Morreu na Clínica São Vicente em 1977, vítima de um infarto no miocárdio.

FONTE:
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