Vertigo: Além do Limiar


Minami Keizi



9 de junho de 1945
14 de dezembro de 2009

Lista de revistas com trabalhos de Minami Keizi
Veja lista detalhada dos trabalhos


Editor, escritor e empresário, um dos pioneiros do mangá (estilo das HQs japonesas) entre nós. Nascido em Lins, no interior paulista, e criado numa colônia japonesa com oito irmãos (sendo duas mulheres), começou a ter contato com mangás nipônicos. Acabou sendo influenciado pelos desenhos de Osamu Tezuka.

Em 1963 teve seu primeiro trabalho publicado, o conto “Pedrinho e a greve dos relógios”, no “Jornal Juvenil”, com ilustrações de Zezo.

No ano seguinte, mudou-se para a capital São Paulo (conforme o próprio Keizi explicou no prefácio do “Superalmanaque Estórias Adultas”, da Nova Sampa), onde tentou vender seu personagem Tupãzinho a Wilson Fernandes. Não deu certo. Mas, em 1965, já “era dono de um estúdio, onde trabalhava Fabiano Júlio Dias, Crispin e Sátiro” (confira no mesmo “Superalmanaque Estórias Adultas”), e conseguiu publicar seu herói no “Diário Popular” (atual “Diário de São Paulo”). E, um ano depois, surgiu a revista mensal “Tupãzinho, o Guri Atômico”, publicado pela Editora Pan Juvenil.

Na Pan Juvenil, Keizi tornou-se também supervisor. Mas a editora estava mal das pernas. Devia muito para os agiotas e precisava ser encerrada. Segundo o próprio Keizi, “Salvador Bentivegna e Jinki Yamamoto, sócios da Pan, resolveram montar uma nova editora e eu fui convidado”. Essa nova editora seria a EDREL. Keizi lançou então, em fins de 1966, o “Álbum Encantado” (seu velho sonho de publicar mangá no Brasil), mas pela editora Bentivegna, porque a EDREL ainda não havia sido registrada oficialmente (conforme Franco de Rosa revelou em “Mangás brasileiros”, na “Revista de História da Biblioteca Nacional” n° 70, pág. 73).

A nova editora, a EDREL (“Editora de Revistas e Livros”), foi fundada em 1966. Funcionava na Rua Tamandaré, n° 150. Quando todas as duplicatas foram quitadas, Bentivegna deixou a empresa, entrando em seu lugar, em 1968, Marcilio Valenciano. Na função de editor da Edrel, Keizi recebeu certo dia amostras do trabalho de um jovem candidato a desenhista de HQs, Claudio Seto — que reproduzia o estilo japonês, ainda de forma amadora. Percebendo o potencial daquele jovem, Keizi o contratou imediatamente. Seto acabaria se tornando um dos grandes nomes da Edrel.

Porém, assim como Bentivegna, Keizi deixou a empresa, em dezembro de 1971 (conforme Gonçalo Junior informa em “Maria Erótica e o clamor do sexo”, pág. 177). Keizi estava desgostoso com Valenciano, que botou na Edrel vários parentes, e com Jinki Yamamoto que, em 1971, começara a mudar a segmentação da editora. A “gota d'água” teria acontecido em 1972, quando Yamamoto resolveu montar uma redação à parte e botou o “Projeto Lar Moderno” (revista feminina no estilo de “Cláudia”, da Editora Abril) dele em prática. Em defesa de Yamamoto, argumenta-se que este queria livrar a editora da imagem de “revistas de macumbeiros e tarados”.

Keizi fundou então a Minami & Cunha — ou simplesmente M&C — em parceria com Carlos da Cunha. A nova editora lançou diversas publicações a partir de 1972. Keizi e Cunha foram os primeiros a publicar “Conan, o Bárbaro” no Brasil (1972).

No início dos anos 80, enveredou nos quadrinhos pornográficos, onde assinava como “Rose West” (confira o depoimento de Júlio Shimamoto na “Mundo dos Super-Heróis” 20, pág. 87).

Em 2007, Keizi escreveu os livros Lendas de Musashi e Lendas Zaitochi pela EM Editora (um selo da Editora Mythos) com ilustrações de Júlio Shimamoto.

Com saúde debilitada, morreu enquanto aguardava sessão de hemodiálise, aos 64 anos.


Minami Keizi

Personagens criados por Minami Keizi (2)


Relate algum problema encontrado nesse artista