Vertigo: Além do Limiar


Francisco Armond



País de nascimento: Brasil

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Roteirista desconhecido, durante muito tempo especulou-se que fosse Helena Ferraz de Abreu (*).

Ao lançar o álbum Garra Cinzenta, o jornalista Worney Almeida de Souza resolveu pesquisar a história a fundo.

"É ele também quem assina a apresentação, na qual levanta algumas das especulações envolvendo o Garra Cinzenta: “Ninguém sabe com certeza quem seria Francisco Armond. Todos os indícios sugerem que fosse a jornalista Helena Ferraz, mas ela nunca assumiu a autoria publicamente”, escreve. A origem da versão que dá a ela a responsabilidade pelo roteiro é nebulosa. Uma busca na internet pelos textos defensores dessa tese faz notar que quase todos usam como base “indiscutível” um artigo do quadrinista Gedeone Malagola publicado em 2008 na revista Mundo dos Super-Heróis.
Escreve Malagola: “Álvaro Armando, o autor que assinava os roteiros de A Garra Cinzenta e Nick Carter, tratava-se de um pseudônimo de Helena Ferraz criado a partir dos nomes de seus dois filhos. Todos pensavam que Álvaro Armando (por vezes grafado como Álvaro Armand) fosse homem, mas Sérgio Augusto, pesquisador e estudioso das HQs, foi quem esclareceu esse mistério.”
Há uma profusão de erros nessa versão. A jornalista Helena Ferraz, que, com o marido, editava o independente Correio Universal, de fato assinava como Álvaro Armando. Mas não é esse o signatário do Garra Cinzenta, e sim Francisco Armond. Adeptos dessa teoria argumentam que esse pseudônimo seria uma variação do outro. Acontece que as mesmas fontes dão como certo o fato de Helena ser proprietária d”A Gazeta – e o jornal pertencia, na verdade, ao empresário Cásper Líbero. Citado por Malagola, Sérgio Augusto, hoje colunista do Sabático, dá o banho de água fria final: “A única vez em que mencionei Helena foi num texto sobre o Fantasma. Nunca soube de qualquer outra conexão dela com quadrinhos, salvo traduzir as primeiras aventuras da série.”

Malagola, único que poderia esclarecer o mal-entendido, morreu seis meses após escrever o texto, que só fez disseminar uma antiga e recorrente suspeita. Para tentar esclarecer o caso, o Sabático procurou Arnaldo Ferraz, atualmente com 80 anos, um dos filhos de Helena: “Ela foi jornalista por 30, 40 anos. Escrevia também poemas, era filha do poeta (parnasiano) Bastos Tigre. Mas não tinha nada disso de terror, não.”
“O fato é que ninguém sabe quem era Francisco Armond, nem gente daquela época, nem historiadores, nem pesquisadores de quadrinhos. Ninguém o conheceu”, diz Worney, que investigou a história em busca de herdeiros. O jornalista e pesquisador de quadrinhos Álvaro de Moya acredita que fosse o pseudônimo de algum repórter d”A Gazeta. Um dos primeiros a estudar o Garra Cinzenta, Moya foi próximo de Renato Silva, o desenhista. “Nunca perguntei a ele quem tinha escrito, porque naquele tempo a gente só se preocupava em criar. Só nos anos 50 é que começamos a ter curiosidade de pesquisar”, diz."(**)



Notas e fontes
(*) Gedeone Malagola ("Mundo dos Super-Heróis" 9, 2008)

(**) Raquel Cozer (11/06/2011). O Mistério do Garra Cinzenta. O Estado de São Paulo.
http://blogs.estadao.com.br/a-biblioteca-de-raquel/2011/06/11/o-misterio-do-garra-cinzenta/




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