Vertigo: Além do Limiar


Outubro


Títulos publicados pela Outubro
A editora tem 37 títulos cadastrados no site, somando 410 edições no total.

Existiu a partir de 1961, após a antiga editora "Continental" adotar o nome de editora "Outubro". Seria rebatiza de editora "Taika" em 1966.

Em 1959, os empresários José Sidekerskis, Victor Chiodi, Heli Otávio de Lacerda, Cláudio de Souza, Arthur de Oliveira e Miguel Penteado criaram a editora Continental, que tempos depois seria rebatizada de editora Outubro. Sediada num pequeno prédio de no bairro paulistano da Moóca, a Outubro só publicava quadrinhos de autores nacionais. E não apenas terror, como muita gente pensa, mas quadrinhos de todos os gêneros: faroeste, infantil, terror, romance e super-heróis.

Foi nela que surgiu Bidu, a primeira revista de Maurício de Sousa e o primeiro super-herói brasileiro, Capitão 7. Mas foi nas revistas de terror da Outubro, que se consagraram outros grandes nomes das HQ, como Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Aylton Thomaz, Inácio Justo, Getúlio Delphim, Gedeone Malagola, Sérgio Lima, Juarez Odilon, Nico Rosso, Lyrio Aragão, Luís Saidenberg, Gutemberg Monteiro e tantos outros, sob a direção artística de Jayme Cortez.

A gráfica da Outubro, que ficava na parte de baixo do prédio (na calçada), era o território de Penteado, que mesmo sendo também um grande ilustrador, preferia deixar a direção artísitica da casa a cargo de seu velho amigo Jayme Cortez, que trabalhava na sobreloja. Eles haviam se conhecido ainda no início dos anos 50. Haviam outros sócios na Outubro, mas Cortez e Penteado eram a alma da editora até o dia em que, por um motivo jamais esclarecido, brigaram feio e nunca mais se falaram. Menos de seis meses depois da saída de Penteado da Outubro, já em 1964, Cortez resolveu deixar a sociedade e chegou a começar uma conversa com os La Selva, mas nessa ocasião a antiga editora já começava a dar graves sinais de decadência.

É difícil apontar qual fator mais contribuiu para o declínio e desaparecimento da Outubro. Além da divergência entre os sócios sobre o rumo da empresa e quanto a questões financeiras, houve a saturação do mercado de revistas de terror, com revistas de qualidade duvidosa lançadas a todo momento por diversas editoras pequenas, a e, principalmente, a reação das grandes editoras contra o Movimento pela Nacionalização dos Quadrinhos, movimento liderado por Penteado. A partir de meados de 1963, cada vez mais reprises apareciam nas revistas da Outubro. Algumas vezes uma ou outra história nova aparecia em Histórias Macabras, O Vingador ou Fantasia, mas Seleções de Terror passou a apresentar quase que só reprises todos os meses.

A Outubro acabou, na prática, em 1966. A última revista em quadrinhos lançada com o selo da Outubro chamou-se “Páginas Sinistras”, em 1966. Mas a editora continuou, com nova direção, com o nome mudado para Taika (os donos não quiseram comprar briga com a editora Abril, que registrara todos os meses do ano para evitar que algum oportunista tentasse tirar proveito do sucesso do nome).

A numeração das revistas da Outubro, assim como de outras editoras (pequenas) brasileiras são duplas, na maioria dos casos, onde seguem a numeração principal de títulos como Fantasia, Zaz-Traz e outras como do personagem enunciado nas capas. Por exemplo Vigilante Rodoviário n° 1 (na capa) é Zaz-Traz n° 24.


Notas e fontes —
Gonçalo Junior, “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”;
Gonçalo Junior, “A Guerra dos Gibis”



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