Vertigo: Além do Limiar


La Selva


Títulos publicados pela La Selva
A editora tem 46 títulos cadastrados no site, somando 2563 edições no total.

Fundada na segunda metade década de 1940. Antes de inaugurar a editora, o conhecido empresário Vito Antonio La Selva atuava apenas como distribuidor de revistas. Mas as vendas razoáveis de pequenos títulos como “Bom Humor” (1946), despertaram sua curiosidade para a edição de revistas. Se ele já tinha distribuição, por que não fazia também o produto? Discretamente, lançou “Seleções de Modinhas”, sobre música. Com os filhos ajudando-o na distribuidora, Vito começou também a coeditar “Bom Humor” e “Aventuras” (esta última a primeira revista em quadrinhos de Vito La Selva). A experiência deu certo. O novo desafio de Vito era estruturar e fazer funcionar a Editora La Selva. Primeiro, comprou “O Cômico Colegial”, o gibi de Auro Teixeira. Depois, criou uma revista com reportagens policiais. Vitoriosas, a partir do começo de 1950 as revistas já estampavam o conhecido selinho da La Selva.

Coube ao português Jayme Cortez, fazer grande revolução nas capas da editora, sobretudo em “O Terror Negro”. Até então as capas das revistas da La Selva eram desenhadas por Waldemar Cordeiro.

A sede da La Selva ficava em S. Paulo, nos fundos de um casarão na rua Pedro de Toledo, na Vila Mariana. Mas, no início, a editora imprimia suas revistas nas gráficas da Abril e de Victor Chiodi. Isso mudou no final dos anos 50 (1957 ou 1958, dependendo da fonte), quando a La Selva comprou a editora e gráfica Novo Mundo de Chiodi, no bairro do Brás. Nessa época, a La Selva era a maior editora de HQs do Brasil, vendendo mensalmente mais de um milhão de exemplares, somando os cerca de 30 títulos que tinha nas bancas todos os meses. No final de 1958, resolveu lançar uma série de livros para vender através do reembolso postal, uma modalidade bastante lucrativa para os editores, uma vez que eliminava os livreiros e mesmo os donos de banca de jornal. Os livros eram anunciados nas revistas da casa e vendidos diretamente aos leitores pelo preço que teriam nas livrarias. E mais: o correio pagava ao editor antecipadamente, antes mesmo que o comprador recebesse e pagasse pela mercadoria, mediante uma pequena taxa. Esse sistema foi responsável por boa parte da renda das pequenas editoras paulistas até os anos 70, quando acabou. Mas os dias da La Selva já estavam contados. Miguel Penteado e Jayme Cortez, seus principais editores e artistas, resolveram sair de lá. Penteado, por exemplo, já não aguentava mais os La Selva, que julgava arrogantes. Nunca gostara deles. Cortez se queixou bastante acerca dos La Selva também. Não tinha problemas com eles, até gostava deles, mas pelo volume de trabalho que realizava se achava bastante mal pago, e era mesmo. A editora crescera a ponto de se tornar uma das maiores do Brasil e muito desse sucesso era consequência direta de seu trabalho. Mas os rapazes da família La Selva trocavam de carro o tempo todo e ele continuava a ir trabalhar de ônibus. Apesar de acabar saindo, as portas da La Selva não se fecharam para Cortez, que continuou fazendo capas para Varinha Mágica e Contos de Fadas, só que como freelancer, até 1965, quando a editora já estava em total decadência e só publicava reprises.

A La Selva sobreviveu até 1968, quando problemas financeiros comprometeram irremediavelmente sua continuidade. Publicou até o fim a pioneira “O Terror Negro”, lançada em 1950 – que entrou para a história pelos seu recorde de 18 anos de circulação ininterrupta e mais de 200 números publicados, além de várias reedições.



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